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3 entre 10 pacientes diagnosticados com câncer de hipofaringe apresentam disfagia após a cirurgia

Estudo realizado com 100 pacientes diagnosticados com câncer de hipofaringe e submetidos à cirurgia curativa entre janeiro de 2010 e dezembro de 2019 aponta que quase 3 entre 10 (29%) apresentaram disfagia (dificuldade de engolir) após o procedimento e necessitaram de gastrostomia percutânea para alimentação. Além disso, a taxa de sobrevida global foi menor nesses pacientes do que naqueles sem disfagia.


Os dados são do estudo retrospectivo Risk Stratification of Dysphagia After Surgical Treatment of Hypopharyngeal Cancer, publicado na revista Frontiers in Surgery por pesquisadores do Departamento de Otorrinolaringologia e Cirurgia de Cabeça e Pescoço do Asan Medical Center, ligado ao Centro Médico da Universidade de Ulsan, em Seul, na Coreia do Sul.


O trabalho mostra que a extensão da ressecção cirúrgica foi proporcionalmente associada à disfagia em pacientes com câncer de hipofaringe. Pacientes com lesões menores e sem invasão laríngea (grupo 3) tiveram melhor função de deglutição pós-operatória do que pacientes com lesões maiores ou lesões laríngeas envolvidas. Os autores observaram que a preservação da mucosa laríngea e hipofaríngea, tanto quanto possível, ajudaria a preservar a função de deglutição após a ressecção cirúrgica do câncer hipofaríngeo.


A disfagia ocorreu principalmente em pacientes submetidos à ressecção de toda a faringe, que foi substituída por um retalho livre. A função faríngea é fundamental para a deglutição no pós-operatório. A extensão da ressecção, principalmente na parede posterior da faringe, deve ser considerada na tomada de decisão das opções de tratamento para preservar a função de deglutição de pacientes com câncer de hipofaringe. Isso porque, esta região tem importante papel na deglutição. Os pacientes submetidos à ressecção da parede posterior da faringe tiveram sete vezes mais risco de apresentar disfagia.


O câncer de hipofaringe é responsável por aproximadamente 5% dos casos de câncer de cabeça e pescoço e sua incidência global é de cerca de 0,8 casos para cada 100 mil pessoas (0,3 em mulheres e 1,4 em homens). O subsítio mais frequentemente acometido é o seio piriforme (70% dos casos), seguido da região retrocricóide (15% a 20% dos casos) e da parede posterior da faringe (10% a 15%).


A detecção tardia nos estágios avançados devido à disseminação submucosa de tumores e metástases locorregionais ou distantes estão associadas a pior prognóstico no câncer de hipofaringe. As opções de tratamento incluem cirurgia, radioterapia e quimioterapia, isoladamente ou combinadas. “Estas informações são fundamentais, pois o manejo cirúrgico depende de qual é o subsítio afetado, assim como da extensão da lesão e da proximidade do câncer hipofaríngeo à laringe, que muitas vezes requer laringectomia e reconstrução”, explica o Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski, cirurgião de cabeça e pescoço.


Os critérios de exclusão adotados neste estudo foram história de tratamento prévio para câncer do trato aerodigestivo superior, incluindo laringe, hipofaringe e esôfago cervical; não ter sido submetido a cirurgias curativas, como biópsia, traqueostomia ou apenas esvaziamento cervical por comprometimento linfonodal; e ter havido perda de seguimento em até 3 meses de pós-operatório.


Referência do estudo


Joo HA, Lee YS, Jung YH, Choi SH, Nam SY, Kim SY. Risk Stratification of Dysphagia After Surgical Treatment of Hypopharyngeal Cancer. Front Surg. 2022 May 19;9:879830.


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