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Desintensificar o tratamento em casos de tumores HPV-positivos é possível, mas requer cautela

O câncer de cabeça e pescoço HPV-positivo tem um prognóstico significativamente melhor em comparação com a doença HPV-negativa. Apesar desta observação, evidenciada por trabalhos prévios, ainda é necessário haver cautela ao se decidir pela desintensificação do tratamento, ao menos até que resultados maduros de ensaios randomizados sejam divulgados. Por sua vez, é crescente a perspectiva que o tratamento de câncer de orofaringe HPV-positivo incorporará uma variedade de estratégias para adequar a agressividade da terapêutica sem comprometer a chance de sobrevivência a longo prazo dos pacientes com esta doença. Esta é a observação de pesquisadores dos departamentos de Radioterapia, Hematologia e Oncologia da Universidade Emory, em Atlanta, nos Estados Unidos, trazida no estudo HPV as a Carcinomic Driver in Head and Neck Cancer: a De-escalated Future, publicado na revista científica Current Treatment Options in Oncology.


Pelo fato de o prognóstico dos pacientes com tumores HPV positivo ser mais satisfatório, os autores explicam que este cenário deve ser considerado para elaboração e eligibilidade em estudos clínicos, com a proposta de se avaliar a possível indicação de desescalonamento da intensidade do tratamento, o que resultaria em uma menor toxidade para o paciente. No entanto, ponderam, é necessário cautela devido aos dados negativos para descalonamento no cenário definitivo de quimioterapia e radiação. Segundo o trabalho, ainda não está claro qual é o significado prognóstico do status de HPV em pacientes com carcinomas de células escamosas de cabeça e pescoço fora da orofaringe, por exemplo.


A etiologia (causa) do câncer de orofaringe está mudando à medida que o HPV se torna a força motriz em um número crescente de casos. E o fato de a doença HPV-positiva ter um prognóstico significativamente melhor em comparação com a doença HPV-negativa, levou a uma mudança nos paradigmas de investigação de alternativas de tratamento para tentar diminuir a terapia (através de novas técnicas cirúrgicas e regimes de radioterapia de intensidade reduzida, tanto no cenário definitivo quanto no adjuvante).

“O trabalho mostra que esta doença, denominada como carcinoma espinocelular de orofaringe (OPSCC), já foi pensada como uma doença monolítica, predominantemente associada ao tabagismo e etillismo. Embora fumar e beber ainda sejam os maiores fatores de risco, sabemos que esses tumores também atingem os mais jovens que não fumam e não bebem e esses casos são majoritariamente causados pela infecção por HPV. Portanto, apesar do resultado terapêutico ser potencialmente melhor entre os casos HPV-positivos, devemos prevenir a infecção por este vírus com medidas preventivas como sexo seguro (incluindo o oral) e com os meninos e meninas vacinados recebendo a vacina contra HPV, que está disponível no SUS”, ressalta o Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski, cirurgião de cabeça e pescoço.


O rápido aumento do número de casos de câncer orofaringe associados ao HPV fez com que a incidência da doença aumentasse exponencialmente nos últimos 25 anos, especialmente entre homens brancos com menos de 65 anos. O câncer de orofaringe associado ao HPV é a 6ª malignidade não cutânea mais comum no mundo.



Referência do estudo


Bates JE, Steuer CE. HPV as a Carcinomic Driver in Head and Neck Cancer: a De-escalated Future? Curr Treat Options Oncol. 2022 Mar;23(3):325-332.


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