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Vape e narguilé: o que é preciso saber

Os avisos nas embalagens de cigarro deixam claro o quanto aquele produto pode prejudicar a saúde. Porém, ainda assim, o tabagismo atinge novos usuários a cada ano. Uma das portas de entrada para essa doença são dois produtos que ganham mais força a cada ano, especialmente entre os jovens: o narguilé e o vape, um aparelho de cigarro eletrônico. E é importante falar sobre os perigos que rondam essa moda.


Antes, é importante relembrar um dado da Organização Mundial de Saúde (OMS): o tabagismo é responsável por mais de 8 milhões de mortes por ano - sendo que cerca de 1,2 milhão são de pessoas não-fumantes, mas expostas constantemente ao fumo passivo. No Brasil, cerca de 443 óbitos diariamente são consequência deste hábito.


O tabagismo é um dos principais fatores de risco para o câncer de cabeça e pescoço, principalmente na boca, faringe, laringe e cavidade nasal. Outros tipos de câncer também podem ser desenvolvidos pelo hábito de fumar, como pulmão, bexiga e pâncreas, além de outras doenças graves como as cardiovasculares (infarto, AVC, entre outras).


Uma boa notícia observada nos dados epidemiológicos é a redução do número de tabagistas no Brasil. Entre o final dos anos 80 e a última década, o total de fumantes acima dos 14 anos na população teve uma queda de 35%. Atualmente no país, a incidência de tabagistas entre os homens é de 12,8% e entre as mulheres de 9%.


No entanto, segundo a American Cancer Society, a partir dos anos 2000 passou a ter um crescimento nas vendas de produtos derivados do tabaco sem ser o cigarro, como sua versão eletrônica e o narguilé. As empresas de tabaco vendem essas alternativas como "menos prejudiciais" à saúde, como forma de mascarar seus malefícios.


Por isso é preciso entender como funcionam, seus componentes e porque é importante evitá-las.



O que é narguilé e quais os danos que causa à sua saúde


O narguilé é um dispositivo que aquece uma mistura de tabaco e a fumaça gerada passa por um filtro de água antes de ser aspirada pela pessoa. Por causa dessa filtragem, alguns usuários acreditam que a água elimina os compostos tóxicos; no entanto, esse processo não suprime todos os elementos cancerígenos e ainda permanece prejudicial à saúde.


E como o uso do narguilé costuma ser coletivo e compartilhado, os malefícios podem ser ainda maiores do que o cigarro tradicional. Como uma "rodada de fumo" costuma durar cerca de 45 minutos, as pessoas ficam mais tempo expostas à fumaça. Além disso, as fontes de calor geradas para aquecer a mistura de tabaco, como carvão e madeira em brasa, quando são queimadas liberam uma elevada quantidade de elementos tóxicos, como metais e monóxido de carbono.


Por isso, o narguilé pode estar relacionado a doenças como dependência física e psicológica, impotência sexual, doenças cardíacas e diversos tipos de câncer, entre eles os de cabeças e pescoço, como lábios, língua e faringe.



Entenda o que é cigarro eletrônico, vape e os danos à saúde


Tecnicamente chamado de dispositivos eletrônicos para fumar (DEF), os cigarros eletrônicos têm uma série de variedades como o pod, e-cigarette, e-pipe e o vape, que se popularizou nos últimos anos.


Todos esses dispositivos, que são proibidos pela ANVISA no Brasil, funcionam de forma semelhante. O cigarro eletrônico utiliza a nicotina ou outras drogas, como a maconha líquida, e entrega para o usuário na forma de aerossol (partículas muito finas, menores que gotículas, que passam pelo ar).


Essa característica faz com que os usuários de DEFs se chamem de “vaporizadores” - pois querem negar a nomenclatura "fumante". Porém, o cigarro eletrônico expõe o usuário a elementos prejudiciais à saúde – por mais que isso não se pareça em alguns casos, especialmente quando não se utiliza a nicotina.


Os vapores gerados, geralmente, contém também concentrações de água, aromatizantes e solventes como glicerina e propilenoglicol. Mas o aumento da temperatura gerado pela vaporização – com picos de até 350 ºC – pode gerar reações químicas e mudanças nos compostos, formando outras substâncias potencialmente tóxicas quando aspiradas, como formaldeído, acetaldeído e acetona, fatores de risco para doenças como enfisema pulmonar e dermatite.


Esses aromatizantes, aparentemente inofensivos, possuem milhares de opções e são utilizados pelas fabricantes de cigarros eletrônicos como a principal chave para agradar seu público-alvo: crianças e adolescentes. Segundo a OMS, o consumo de vapers e derivados aumentou nessa faixa etária nos últimos anos. Esses produtos, porém, podem causar dependência e ainda atuar como porta de entrada para o cigarro convencional e outras drogas.



Orientações e alertas aos jovens e aos pais sobre o consumo de cigarro eletrônico e narguilé


Visto o crescimento do consumo de narguilé e vape entre os jovens, é preciso fazer um alerta a esses potenciais consumidores - e também para quem é o responsável por eles. Afinal, são fatores de risco evitáveis da dependência do tabagismo e também do desenvolvimento de doenças como o câncer de cabeça e pescoço.


Especialmente na adolescência, pode haver pressões sociais para que meninos e meninas experimentem produtos nocivos como o cigarro eletrônico e o narguilé. Isso pode ser causado por fatores como a influência de amigos, superexposição aos produtos nas redes sociais, na televisão e no cinema e a própria curiosidade da pessoa.


Apesar da comercialização do cigarro eletrônico ser proibida no Brasil, o acesso a compra desses produtos por crianças e adolescentes é muito fácil, ele é vendido na internet e em tabacarias espalhadas pelo país. O uso desses componentes pode gerar dependência química e psicológica ainda durante o processo de desenvolvimento.


Por isso, pais, familiares, amigos e colegas podem ajudar na orientação a evitar que surjam novos usuários de cigarros eletrônicos e narguilés, assim como observar sinais de que a pessoa está utilizando esses produtos, como por exemplo:

  • Tosse persistente;

  • Falta de ar;

  • Secreções na respiração, ou sintomas de resfriado e gripe que persistem por muito tempo;

  • Pigarro;

  • Observar aparelhos diferentes no material escolar, pois os vapes podem ser semelhantes a pen drives, por exemplo;

  • Cheiro de maconha ou de aromas adocicados nas roupas e nos ambientes em que a pessoa estava.


Caso descubra que esse jovem utiliza narguilé ou cigarro eletrônico, busque, primeiro, conversar. O tabagismo é considerado uma doença crônica e epidêmica, principalmente por causa das pressões sociais e das propagandas impostas pela indústria do tabaco, que pode levar a outras doenças respiratórias, cardiovasculares e ao desenvolvimento de diversos tipos de câncer.


O diálogo e o acolhimento são importantes para os usuários - e não o julgamento. A conversa pode ser feita também com pessoas de confiança do jovem, sejam familiares ou amigos. Consulte também profissionais de saúde e grupos de apoio que podem ajudar nesse processo.

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