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Avanços em técnicas de reconstrução cirúrgica e em tratamentos neoadjuvantes são destaques das últimas três décadas

Cerca de 75% dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço vivem hoje ao menos 5 anos após terem recebido o diagnóstico. O resultado se deve, entre outros fatores, aos avanços nas técnicas de reconstrução cirúrgica que otimizaram a cirurgia ablativa, ao trabalho em equipe multidisciplinar e aos tratamentos adjuvantes associados, que melhoraram o prognóstico nos últimos 30 anos





Este foi o balanço feito pelo cirurgião de cabeça e pescoço e Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski na 29ª Palestra Eugene N. Myers sobre Cabeça e Pescoço, durante a reunião de 2020 da Academia Americana de Cirurgia de Cabeça e Pescoço e Otorrinolaringologia (AAO-HNS).


A transcrição desta fala está no artigo Eugene Nicholas Myers' Lecture on Head and Neck Cancer, 2020: The Surgeon as a Prognostic Factor in Head and Neck Cancer Patients Undergoing Surgery, publicado em 2023 na revista científica International Archives of Otorhinolaryngology.

 

Kowalski pondera que faltam ensaios prospectivos, sendo que a maior parte do conhecimento acumulado se baseia em séries retrospectivas e algumas análises de dados do mundo real. Segundo o cirurgião, o conhecimento atual sobre fatores prognósticos desempenha um papel central em um processo eficiente de tomada de decisão sobre tratamento.


Ele afirma que, embora a influência da maioria dos fatores prognósticos relacionados com tumores e pacientes no câncer de pescoço cabeça e pescoço não possa ser alterada por intervenções médicas, alguns fatores ambientais – incluindo tratamento, tomada de decisão e qualidade – podem ser modificados. “Idealmente, as decisões estratégicas de tratamento devem ser tomadas em reuniões dedicadas de equipe multidisciplinar”, afirma.

 

No entanto, complementa Kowalski, as evidências sugerem que os cirurgiões, o volume e a especialização hospitalar desempenham papéis importantes na sobrevivência dos pacientes após o tratamento inicial ou de resgate do câncer de cabeça e pescoço. As métricas de garantia de qualidade cirúrgica (margens cirúrgicas e número de linfonodos ressecados) no esvaziamento cervical têm um impacto significativo na sobrevida de pacientes com câncer de cabeça e pescoço e podem ser influenciadas pela experiência do cirurgião. “As estratégias propostas para melhorar a qualidade cirúrgica incluem medição contínua do desempenho, feedback e disseminação de medidas de melhores práticas”, reforça.

 

Honrado em ser o 29º a palestrar na história

 

Luiz Paulo Kowalski ressalta ter sido uma grande honra e um privilégio ministrar a Palestra Eugene Nicholas Myers sobre Câncer de Cabeça e Pescoço. “A lista de palestrantes ilustres anteriores mostra uma constelação de 28 dos maiores líderes em nossa área, começando com John J. Conley, em 1972, até Hisham M. Mehanna, no ano anterior. Deu-me a oportunidade de refletir sobre as lições aprendidas durante a minha jornada de 40 anos na oncologia de cabeça e pescoço”, celebra Kowalski.

 

Kowalski lembrou o fato de a comunidade oncológica de cabeça e pescoço ter a responsabilidade de atuar diante de um cenário com 1,5 milhão de homens e mulheres diagnosticados com câncer de cabeça e pescoço anualmente, em todo o mundo.


Apesar do louvável progresso no diagnóstico, estadiamento e tratamento do câncer da cabeça e pescoço ao longo dos últimos 40 anos, são cerca de 500 mil mortes anuais por esta doença. “A maioria desses pacientes morre devido ao comportamento biológico agressivo do tumor ou às características inalteráveis do paciente. No entanto, algumas das mortes poderiam ser evitadas com acesso a cuidados médicos de alta qualidade”, afirma.


Em sua apresentação, Kowalski levantou o questionamento: como os cirurgiões podem afetar positivamente os resultados dos pacientes com câncer de cabeça e pescoço? Em sua resposta, ele afirmou que é praticar a medicina multidisciplinar e baseada em evidências e seguir os passos dos grandes líderes cirúrgicos, os “mestres” da área. “As reuniões multidisciplinares do Tumor Board são o padrão-ouro atual para o planejamento do tratamento em oncologia de Cabeça e Pescoço e a adesão aos tratamentos recomendados tem um impacto significativo no prognóstico”, reforça.


Ainda segundo o especialista, a literatura é limitada sobre o papel do cirurgião no prognóstico de pacientes com câncer de cabeça e pescoço. Assim, devem ser implementadas auditorias de qualidade da atuação do cirurgião, como em termos de margens cirúrgicas, número ou proporção de linfonodos ressecados, complicações, mortalidade pós-operatória, adesão às diretrizes estabelecidas, participação em conselhos multidisciplinares e cumprimento da decisão do conselho.


Outro ponto apontado é que é fundamental identificar outras variáveis associadas às taxas de sobrevivência e à qualidade de vida. “A centralização dos cuidados em universidades de grande volume, em centros de investigação e em centros de referência em câncer pode melhorar os resultados e aumentar ainda mais a sobrevida dos pacientes”, conclui Kowalski.

 

Referência do estudo

Kowalski LP. Eugene Nicholas Myers' Lecture on Head and Neck Cancer, 2020: The Surgeon as a Prognostic Factor in Head and Neck Cancer Patients Undergoing Surgery. Int Arch Otorhinolaryngol. 2023 Aug 4;27(3):e536-e546.

 

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