Como melhorar a qualidade de vida do paciente em tratamento de câncer de cabeça e pescoço
- daniellezanandre
- há 4 dias
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Passar por um tratamento do câncer de cabeça e pescoço pode trazer grandes desafios. Felizmente, em diversos casos, há ações que podem melhorar a qualidade de vida do paciente, que inclusive colaboram para uma melhor eficácia do tratamento.

Aqui entra um grupo de profissionais fundamental para ajudar na reabilitação após o tratamento do câncer de cabeça e pescoço: enfermeiros, dentistas, fisioterapeutas, nutricionistas, fonoaudiólogos, entre outros. É o que chamamos de "equipe multidisciplinar", a união de várias especialidades com o único propósito de atuar para a reabilitação e qualidade de vida do paciente com câncer de cabeça e pescoço.
A maioria dos casos de tumores na cabeça e pescoço são tratados por cirurgia, mas alguns pacientes passam por sessões de radioterapia e quimioterapia. Cada procedimento pode acarretar diferentes impactos.
O trabalho de reabilitação já começa antes do tratamento começar
A atuação dos profissionais da equipe multidisciplinar tem início antes da cirurgia, quimioterapia ou radioterapia. As orientações no período pré-tratamento são fundamentais, com cuidados dentários, cuidados sobre alimentação e o corpo como um todo, para que sejam prevenidas complicações e a recuperação possa ser melhor possível após o tratamento. Afinal, o grande princípio da reabilitação é maximizar as funções das estruturas da região da cabeça e pescoço, especialmente as remanescentes ou que não sofreram alguma limitação.
Quanto tempo dura a reabilitação do paciente com câncer de cabeça e pescoço
O trabalho de reabilitação costuma durar cerca de 2 a 3 meses, e em alguns casos até mais tempo - a depender da gravidade. Além das consultas com os profissionais - que podem ser uma ou duas vezes por semana - é importante que o paciente, junto de familiares e amigos próximos, entenda todas as orientações que deverá seguir.
Cuidados nutricionais para melhorar a qualidade de vida do paciente
Os pacientes com câncer de cabeça e pescoço são considerados de alto risco nutricional - exceto os de tumores na tireoide - pois apresentam diversos sintomas relacionados à alimentação quando passam pela quimioterapia ou radioterapia, como boca seca, alteração de paladar, feridas na boca ou dificuldades para engolir. Dessa forma, a pessoa pode ter dificuldades para comer e perder peso de uma forma não saudável.
Quem passa por uma cirurgia, a depender do procedimento, pode precisar se nutrir por uma sonda nasoenteral (inserida pela narina).
Existem estratégias nutricionais para lidar com esses sintomas e reações. Alguns exemplos são:
Para náuseas: bebidas à base de gengibre, aumentar o fracionamento das refeições e evitar jejum prolongado;
Boca seca: preparações mais úmidas, aumentar a hidratação e enxaguar a boca antes de se alimentar;
Feridas na boca: evitar alimentos mais ácidos, condimentos ou preparações muito quentes;
Dores ou dificuldade para engolir: buscar alimentos mais pastosos e macios.
Caso seja necessário, o suplemento nutricional também pode ser indicado para o paciente, com fórmulas compostas por proteínas, vitaminas e minerais. Tudo isso vai depender de cada caso, e o acompanhamento de um nutricionista é fundamental para avaliar a situação de cada paciente com câncer de cabeça e pescoço.
Como recuperar a fonação, dicção e a deglutição
Grande parte dos órgãos que compõem a região da cabeça e pescoço está envolvida nos processos de produção de voz (fonação), articulação dos sons (dicção) e de engolir os alimentos (deglutição). A cirurgia e a radioterapia podem causar dificuldades temporárias nessas ações, como dificuldades para se alimentar, engasgos ou a sensação de algo parado na boca e garganta.
Em casos mais avançados de câncer de laringe, o paciente pode ter o órgão inteiro retirado e perder a voz (é na laringe onde ficam as cordas vocais). Nesses casos, o fonoaudiólogo vai tentar ativar outras estruturas, como a voz esofágica.
Quando o paciente termina um tratamento, ele pode precisar de um gerenciamento ou de algum exercício com alguma frequência. É importante seguir as orientações passadas pelo fonoaudiólogo.
Outras dicas importantes: beba muita água e deixe a respiração da forma mais relaxada possível. Isso pode inclusive auxiliar na comunicação. Articular bem os sons da fala e tentar não se comunicar em ambientes com muitos ruídos para evitar competição vocal.
Fisioterapia para a cabeça e pescoço
Os exercícios fisioterápicos podem auxiliar na recuperação de segmentos do corpo que forma afetados pelo tratamento, ajudar no ganho de movimento ou de força muscular.
Durante o tratamento, alguns pacientes podem emagrecer e ter perda de massa magra, o que acarreta a diminuição da força e o aumento da dificuldade das atividades diárias, além de comprometer a independência. Nesses casos, há exercícios indicados para condicionamento e fortalecimento.
Uma observação importante: pacientes em fase final de cicatrização, que estão com dreno ou que foram submetidos a reconstrução com enxertos, devem evitar esforços excessivos e movimentos bruscos com o pescoço.
Para reduzir complicações em movimentos, mobilidades e lesões, é possível optar pela drenagem linfática manual e exercícios para ativação muscular. Na região da face, se houver paralisia, técnicas para estimular a sensibilidade e exercícios de mímica facial podem auxiliar; no pescoço, para ganhar mobilidade e diminuir a tensão e a dor, podem ser indicados alongamentos, exercícios de movimentação ativa e fortalecimento, além de orientações quanto ao posicionamento.
A reabilitação é fundamental na qualidade de vida do paciente. Siga essas orientações e converse sempre com a equipe multiprofissional.