O Brasil e o câncer de laringe: dados que precisamos discutir
- Clínica Kowalski
- 8 de ago.
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Atualizado: 25 de ago.
Um dos tumores mais comuns entre os que atingem a região da cabeça e pescoço, o câncer de laringe representa 25% dos tumores malignos que acometem essa área, de acordo com o Instituto Nacional de Câncer (INCA).

Dados pesquisados na base Cancer Tumorrow da Agência Internacional para Pesquisa do Câncer da Organização Mundial da Saúde (IARC/OMS) em relação à epidemiologia do câncer de laringe mostram um cenário preocupante com expectativa de aumento do número de novos casos e do índice de mortalidade pela doença, considerando pessoas de até 85 anos.
No Brasil, de acordo com essa base de dados, a projeção é de um salto de 8.867 novos casos, em 2022, para 16.445, em 2050, um crescimento de 85,5%. A mortalidade pela doença também deve aumentar: de 709 óbitos em 2022 para 1.375, em 2050, um volume 93,9% maior.
Em termos mundiais, os três continentes com maior projeção percentual de aumento do número de novos casos são: África, incremento de 155,9%, em 2050 comparado a 2022; América Latina e Caribe, 88,2%; e Asia, 75%. Também em relação à mortalidade, esses três continentes lideram as projeções com aumento de 163,1%, África; 98,7%, América Latina; e 88,3%, Asia.
Desafio do diagnóstico precoce do câncer de laringe
No Brasil, um dos principais desafios do câncer de laringe, a exemplo dos demais tipos de cânceres de cabeça e pescoço, é o diagnóstico precoce. A maioria dos casos é diagnosticada tardiamente, quando as chances de cura são menores. Isso acontece por vários fatores, entre eles: dificuldade de acesso à saúde pública e desconhecimento dos sinais e sintomas da doença. Mesmo a parcela da população que tem acesso a saúde privada, muitas vezes, banaliza sintomas e demora para procurar o médico. Fato é que com a doença avançada é preciso atuar com tratamentos mais agressivos, que resultam em sequelas importantes para o paciente e menores chances de reabilitação.
Levantamento na base da dados do SEER, do Instituto Nacional de Câncer dos Estados Unidos (NCI) referente ao câncer de cavidade oral e laringe, mostram que apenas 26% dos casos desses tipos de cânceres são diagnosticados quando a doença está em fase inicial. Com o diagnóstico tardio, a taxa de pacientes vivos após cinco anos do diagnóstico, período necessário para se considerar a cura da doença, é de 69,5%. Por outro lado, quando a doença é diagnosticada e tratada precocemente, 85,4% dos pacientes estão vivos depois de cinco anos.
Sinais de alerta
O diagnóstico do câncer de laringe é feito por meio de avaliação clínica, exames de imagem e confirmação por meio de biopsia. É muito importante que o paciente procure avaliação médica que pode ser um otorrinolaringologista ou um cirurgião de cabeça e pescoço, na presença de um ou mais dos sintomas a seguir:
Rouquidão persistente (mais de 2 semanas);
Dificuldade para engolir (disfagia);
Dor de garganta persistente;
Tosse crônica;
Perda de peso inexplicada;
Massa palpável no pescoço.
A presença desses sinais ou de parte deles pode não significar um câncer. Mas é importante que o médico considere e descarte esse diagnóstico.
Laringectomia e reabilitação
A laringe está localizada na região da garganta e tem em sua estrutura as cordas vocais que vibram, produzindo sons na boca, nariz e garganta, o que nos permite a comunicação por meio da fala. Quando o câncer acomete as cordas vocais e outras áreas do órgão, o tratamento pode exigir a realização de uma laringectomia, uma cirurgia para remoção total da laringe. Chamamos o paciente que passa por esse procedimento que interfere em sua capacidade de falar de laringectomizado. Além de cirurgia, o tratamento do câncer de laringe pode incluir outros procedimentos, como radioterapia e quimioterapia (que em casos selecionados permite a preservação da laringe).
Após a remoção da laringe, esse paciente será avaliado pela fonoaudióloga e outros profissionais da equipe multidisciplinar e passará por tratamentos e terapias de reabilitação vocal. Entre os recursos estão, por exemplo, a inserção de uma pequena prótese de silicone, que conecta a traqueia ao esôfago, permitindo a criação de sons. Há pacientes que conseguem desenvolver a voz esofágica, sem necessidade de qualquer prótese. Outros que utilizam a laringe eletrônica, um dispositivo que ao ser colocado contra o pescoço emite um som vibratório, que pode ser moldado pelos órgãos da fala (língua, lábios etc.) para formar palavras compreensíveis.
Fatores de risco e prevenção
A medida preventiva mais importante referente ao câncer de laringe é evitar seus principais fatores de risco:
Tabagismo e o consumo excessivo de bebidas alcóolicas: juntos potencializam ainda mais as chances de desenvolver a doença;
Exposição a produtos químicos: ar contaminado com elementos como amianto, níquel e ácido sulfúrico podem causar doenças na laringe;
Idade avançada: a doença é mais comum a partir dos 60 anos.