Uma vacina que pode prevenir câncer? Sim, existe e está disponível na rede pública de saúde do Brasil para meninas e meninos. O imunizante contra o HPV pode atuar diretamente na prevenção de alguns tipos de câncer, como o de boca e de garganta, além de colo do útero, de vagina e pênis.
Dados da Organização Mundial da Saúde (OMS) mostram que a vacina contra o Papilomavírus humano protege contra cerca de 90% das infecções orais causadas pelos tipos 16 e 18 do HPV. Essas infecções são atualmente consideradas o principal fator de risco para o desenvolvimento do câncer de orofaringe, região atrás da boca, onde ficam as amígdalas.
Pesquisa aponta riscos da população não vacinada
Até o ano de 2045, o maior número de casos de câncer na orofaringe deve acontecer entre as pessoas mais velhas que não foram vacinadas. Essa conclusão é de uma pesquisa da Universidade Johns Hopkins, dos Estados Unidos, publicada na JAMA Oncology, revista médica referência mundial em câncer. Portanto, o impacto da imunização deverá ocorrer, principalmente, no longo prazo, afetando quem não se vacinou - seja porque ainda não tinha doses disponível quando estava na idade para recebê-las ou porque optou por não se vacinar.
Apesar disso, há um número positivo: a vacinação contra o HPV deve reduzir o número de casos do câncer de orofaringe pela metade nos próximos 20 anos. Ou seja, os resultados da imunização não serão perceptíveis imediatamente, mas no futuro. Isso também pode se aplicar a outros tipos de câncer ligados ao HPV, como de colo do útero.
A vacina contra o HPV
A vacina está disponível no Sistema Único de Saúde e também em clínicas particulares. É indicada para meninas de 9 a 14 anos e meninos de 11 a 14 anos. Para esse grupo são recomendadas 2 doses, com intervalos de 6 meses entre elas. Além desse grupo, ela também é recomendada para homens e mulheres até 45 anos portadores do vírus HIV, transplantadas de órgãos sólidos, medula óssea ou em tratamento oncológico. Nesse caso, são recomendadas 3 doses, sendo que a segunda dose é feita após 2 meses da primeira e a terceira dose após 6 meses da primeira dose.
O câncer de orofaringe
Segundo a OMS, existem cerca de 85 mil novos casos de câncer de orofaringe a cada ano no mundo. Os principais fatores de risco são justamente a infecção pelo HPV, que pode ocorrer por meio do sexo oral sem uso de proteção, além do tabagismo e do consumo de bebidas alcóolicas em excesso.
O câncer de orofaringe pode começar de forma silenciosa, sem manifestar sintomas no início. No entanto, é importante ficar atento a sinais como:
• Dificuldade em engolir alimentos ou a sensação de algo preso na garganta;
• Dor de garganta persistente;
• Dor de ouvido;
• Caroço no pescoço;
• Tosse constante e/ou com sangue;
• Rouquidão;
• Problemas respiratórios;
• Secreção ou sangramento nasal;
• Rápida perda de peso sem motivos aparentes.
Ao observar esses sintomas, é importante buscar avaliação de um médico especialista em cabeça e pescoço, pois cada caso deve ser sempre analisado individualmente. A partir dos 40 anos, é importante também que a consulta médica seja feita de forma periódica, para que potenciais suspeitas da doença sejam identificadas antes mesmo de manifestar um sinal.