Os usuários de cigarros eletrônicos tendem a ser adultos jovens do sexo masculino com nível educacional mais alto, sendo que a maior prevalência de uso foi encontrada na Croácia. No Brasil, a maior prevalência de uso de cigarro eletrônico se dá em alunos do ensino médio, algo que foi observado em cinco estudos (11,62% dos trabalhos analisados).
Análise incluiu 1,2 milhões de pessoas, apontam que 1 entre 10 são usuários do produto, com maior prevalência na faixa de 18 a 24 anos. É o que aponta a revisão intitulada Global frequency and epidemiological profile of electronic cigarette users: a systematic review, realizada por pesquisadores brasileiros e publicada na revista científica Oral Surgery, Oral Medicine, Oral Pathology and Oral Radiology.
Com autoria principal do cirurgião dentista Alan Roger dos Santos Silva, professor do Departamento de Diagnóstico Oral da Faculdade de Odontologia de Piracicaba-UNICAMP, o trabalho reúne também pesquisadores da University of Sheffield (Reino Unido), A.C. Camargo Cancer Center, Centro de Referência em Álcool, Tabaco e outras Drogas da Secretaria de Saúde do Estado de São Paulo, Hospital Sírio-Libanês Instituto do Câncer do Estado de São Paulo (ICESP) e International Agency for Research on Cancer (IARC).
O uso de cigarro eletrônico (e-cigarette) está crescendo significativamente em todo o mundo, especialmente entre os jovens. Este produto tem sido associado à renormalização do hábito de fumar e às dificuldades das tentativas de parar de fumar em fumantes. Além disso, entre os não fumantes, pode levar ao tabagismo subsequente e à dependência da nicotina. Partindo desta premissa, os autores avaliaram o perfil epidemiológico de usuários de cigarros eletrônicos em todo o mundo. Foi realizada uma revisão sistemática usando os três principais bancos de dados eletrônicos (Medline/PubMed, SCOPUS e EMBASE). Os estudos foram avaliados independentemente, por dois revisores, com base em critérios de elegibilidade estabelecidos. O risco de viés foi avaliado usando instrumento de avaliação crítica MASTARI.
De 4.496 registros, 43 foram incluídos. Entre os 1.238.392 participantes, 132.786 (10,72%) eram usuários de cigarro eletrônico. A faixa etária com maior percentual de usuários de cigarro eletrônico foi de 18 a 24 anos, com 40.989 (30,86%) homens, 34.875 (26,26%) mulheres e 33,6% fumantes de cigarros atuais. A maior prevalência de usuários foi de 52,88% na Croácia e 49,62% na Nova Zelândia. Em cinco estudos, evidenciou-se que no Brasil, o maior o uso de cigarros eletrônicos foi no ensino médio (11º ano) 937 (24,45%); no entanto, o ensino médio (ano 12) veio em segundo lugar com uma percentagem muito próxima do primeiro 917 (23,93%). Quatro (9,3%) estudos mostraram que a maior prevalência de uso foi na universidade
Outras possíveis correlações foram observadas com o uso de cigarro eletrônico, como alto nível de escolaridade. “Além de alerta para a perigosa disseminação de cigarro eletrônico entre os mais jovens, contribuímos com a desconstrução da falácia que esse uso não seria nocivo para a saúde”, destaca o cirurgião de cabeça e pescoço e Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski, um dos autores do estudo.
O trabalho conclui que, no geral, os usuários de cigarros eletrônicos tendem a ser adultos jovens do sexo masculino com nível educacional mais alto. Esta revisão sistemática fornece informações valiosas para melhorar o desenvolvimento de intervenção apropriada estratégias direcionadas aos usuários de cigarros eletrônicos para ações antifumo mais precisas.
Referência do estudo
Martins BNFL, Normando AGC, Rodrigues-Fernandes CI, Wagner VP, Kowalski LP, Marques SS, Marta GN, Júnior GC, Ruiz BII, Vargas PA, Lopes MA, Santos-Silva AR. Global frequency and epidemiological profile of electronic cigarette users: a systematic review. Oral Surg Oral Med Oral Pathol Oral Radiol. 2022 Nov;134(5):548-561.
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