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Estudo de revisão com mais de 3 mil pacientes aponta fatores que aumentam o risco para delírio após a cirurgia

Ter idade em torno de 75 anos, ser homem, diabético e tabagista é o principal perfil de paciente em maior risco para apresentar delírio pós-operatório de cirurgia de cabeça e pescoço. Este é o resultado da metanálise Incidence and risk factors for postoperative delirium after head and neck cancer surgery: an updated meta-analysis publicada na revista científica BMC Neurology, por pesquisadores do Hebei General Hospital, de Shijiazhuang, na China.



A identificação precoce de pacientes vulneráveis ao delírio pós-operatório (DPO) e a implementação precoce de estratégias de manejo apropriadas pode diminuir sua ocorrência e melhorar o prognóstico. Com esta premissa, os autores resumiram neste trabalho, de forma abrangente e quantitativa, a prevalência e os fatores preditivos relacionados à DPO em pacientes cirúrgicos com câncer de cabeça e pescoço.


Para tanto, selecionaram nas plataformas PubMed, Embase e na Biblioteca Cochrane os estudos observacionais que relatavam a prevalência e os fatores de risco para DPO após cirurgia de câncer de cabeça e pescoço e que foram publicados até 31 de dezembro de 2022. Dois revisores selecionaram, independentemente, os artigos qualificados e extraíram os dados. 


O que é o delírio pós-operatório?


É um distúrbio neuropsiquiátrico relativamente frequente após anestesia e cirurgia. Agudo e transitório, é caracterizado por distúrbios de atenção, percepção e consciência. Foi relatado que aproximadamente 11% a 36% dos pacientes internados apresentaram DPO após cirurgia de câncer de cabeça e pescoço, dependendo da frequência da avaliação, idade do paciente e diferentes tipos de intervenções cirúrgicas. O DPO pode levar a eventos desfavoráveis, como internação hospitalar prolongada, aumento do risco de demência, mortalidade, altas despesas médicas, comprometimento funcional e outras complicações clínicas.


A boa notícia é que 30% a 40% dos casos de DPO podem ser prevenidos pela identificação e tratamento precoce dos fatores de risco relacionados.


Principais resultados


Dezesseis estudos observacionais com 3.289 pacientes internados submetidos à cirurgia de câncer de cabeça e pescoço foram incluídos nesta revisão. A ocorrência de DPO variou de 4,2 a 36,9%, com uma incidência agrupada de 20%.


Os resultados desta análise agrupada demonstraram que os fatores de risco estatisticamente significativos para DPO foram idade aumentada, especialmente acima dos 75 anos, além de ser duas vezes mais comum no sexo masculino e em pacientes com maior escore pela classificação da Sociedade Americana de Anestesiologistas e quase três vezes mais prevalentes em pacientes com diabetes mellitus ou com história de tabagismo.


“O delírio pós-operatório é uma condição muito frequente e revisões bem conduzidas, como é o caso desta, são fundamentais para que possamos identificar os pacientes mais predispostos e, assim, adotar medidas preventivas”, comenta o cirurgião de cabeça e pescoço e Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski, ao analisar o estudo.


Nesta mesma linha, os autores concluem que a identificação destes vários preditores independentes para DPO contribuiu para identificar pacientes com alto risco de DPO e desempenha um papel proeminente na prevenção de DPO em pacientes após cirurgia de câncer de cabeça e pescoço.



Referência do estudo

Dong B, Yu D, Jiang L, Liu M, Li J. Incidence and risk factors for postoperative delirium after head and neck cancer surgery: an updated meta-analysis. BMC Neurol. 2023 Oct 17;23(1):371. doi: 10.1186/s12883-023-03418-w. 


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