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Esvaziamento cervical eletivo pode ser utilizado em casos de câncer de laringe avançado

O esvaziamento cervical eletivo pode ser adotado em casos selcionados de pacientes com câncer de laringe localmente avançado (T3-T4) ou com câncer supraglótico (T2-4), por conta da alta prevalência de nódulos linfáticos comprometidos ocultos, nestes tumores, que apresentam doença residual/recorrente após quimiorradioterapia


Dr. Luiz Paulo Kowalski

É o que concluem os autores do estudo Treatment of the neck in residual/recurrent disease after chemoradiotherapy for advanced primary laryngeal cancer, publicado na revista científica European Journal of Surgical Oncology. Multicêntrico e internacional, o estudo reúne pesquisadores da Espanha, Estados Unidos, Bélgica, Finlândia, Holanda, Polônia, Japão, Itália e Brasil, incluindo o cirurgião oncológico e Professor Doutor Luiz Paulo Kowalski.


Esvaziamento cervical eletivo pode ser utilizado em casos de câncer de laringe avançado

 

A investigação referente ao papel do esvaziamento cervical eletivo (END) se dá pelo de, segundo os autores, a quimiorradioterapia concomitante (CRT) ser amplamente utilizada como tratamento primário com a finalidade de preservação de órgãos para casos selecionados de carcinomas espinocelulares de laringe (LSCC) avançados com resultados oncológicos comparáveis aos da laringectomia total seguida de radioterapia adjuvante. No entanto, argumentam, o manejo das recorrências locorregionais após a CRT permanece um desafio, sendo a laringectomia total de resgate a única opção potencialmente curativa. Além disso, acrescentam, a decisão de realizar END em pacientes com pescoço rN0 (sem linfonodo comprometido) e a extensão do esvaziamento cervical em pacientes com pescoço rN+ (nódulo positivo) ainda é uma questão de debate.

 

END não é válida como rotina


Para pacientes rN0, metanálises relatam taxas de metástases ocultas variando de 0% a 31%, mas nenhuma vantagem de sobrevivência para END. Além disso, os trabalhos na literatura também mostraram maior incidência de complicações em pacientes que receberam END. Portanto, a END não é recomendada rotineiramente, além da laringectomia de resgate. Embora algumas evidências sugiram que há um potencial da END para casos supraglóticos e localmente avançados, a decisão de realizar o END deve pesar os benefícios contra possíveis complicações.


Em pacientes rN+, vários estudos sugeriram que o esvaziamento cervical seletivo (SND) é oncologicamente seguro para pacientes com condições específicas: quando as metástases linfonodais não são fixas e estão ausentes no nível IV ou V. Além disso, o esvaziamento cervical superseletivo (SSND) pode ser uma opção quando os nódulos estão confinados a um nível. “Com isso, concluímos que as evidências atuais sugerem que em pescoço rN0 a END de rotina não é necessária. Assim como, em casos rN+ com recorrências nodais limitadas, o SND ou um SSND pode ser suficiente”, afirma Kowalski.


END indicado para casos selecionados


Se por uma lado as evidências revisadas neste artigo sugerem que o END não deve ser realizado rotineiramente em pacientes submetidos à cirurgia para carcinoma laríngeo rN0 residual/recorrente após TRC (isso pelo fato de os dados disponíveis mostrarem uma baixa incidência de metástases nodais ocultas - especialmente quando o PET/CT foi utilizado para diagnóstico/estadiamento - e pela falta de benefício de sobrevivência); por outro lado, a realização de um END em pacientes com doença recorrente no sítio primário que apresentavam câncer localmente avançado (T3-T4) ou câncer supraglótico T2-4 pode ser justificada com base na propensão para a alta incidência de doença nodal oculta associada. “Observamos que, para a melhor tomada de decisão, é fundamental o envolvimento do paciente. Além disso, devemos considerar também a extensão dos procedimentos cirúrgicos”, ressalta Kowalski.


A conclusão é que, em pacientes com câncer de laringe rN + residual/recorrente após TRC, a revisão da literatura fornece evidências de que o SND pode ser um procedimento cirúrgico eficaz e oncologicamente seguro para pacientes com pescoço rN1 e rN2. Além disso, o SSND pode ser uma opção eficaz se os linfonodos recorrentes/persistentes estiverem limitados a um nível primário do pescoço. É essencial empregar estudos de imagem pré-operatórios para avaliar com precisão a presença e extensão das metástases linfonodais, a fim de identificar candidatos adequados para SND/SSND entre os casos cN+.


Referência do estudo


Rodrigo JP, López-Álvarez F, Medina JE, Silver CE, Robbins KT, Hamoir M, Mäkitie A, de Bree R, Takes RP, Golusinski P, Kowalski LP, Forastiere AA, Homma A, Hanna EY, Rinaldo A, Ferlito A. Treatment of the neck in residual/recurrent disease after chemoradiotherapy for advanced primary laryngeal cancer. Eur J Surg Oncol. 2024 May 4;50(7):108389. doi: 10.1016/j.ejso.2024.108389. 


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