Existem hábitos e condições de saúde que podem aumentar o risco do desenvolvimento de um câncer. A obesidade é um desses fatores. Essa condição clínica está diretamente relacionada ao desenvolvimento de alguns tipos de tumores, como de intestino (colorretal), mama e esôfago.
Apesar da maioria dos casos do câncer de cabeça e pescoço serem causados por outros motivos como tabagismo, consumo de bebidas alcoólicas e infecção pelo vírus HPV (Papilomavírus Humano), a obesidade pode contribuir para o desenvolvimento da doença, principalmente na tireoide.
Essa associação entre obesidade e o câncer pode ocorrer por causa do aumento de inflamações no organismo, geradas pela grande quantidade de gordura visceral próximas de um órgão vital. Isso pode impactar também no gerenciamento de hormônios do corpo, como insulina, produzida pelo pâncreas e que atua na produção de energia e estrogênio, que atua na regulação do ciclo menstrual.
As inflamações podem ocorrer porque o excesso de gordura visceral pode reduzir o nível de oxigênio em determinadas partes do corpo. Esse ambiente com baixo nível de oxigênio é favorável para o surgimento de inflamações, uma resposta natural do organismo a lesões e doenças.
No entanto, quando essas inflamações passam a ser causadas com frequência, isso pode prejudicar a saúde do corpo e aumentar o risco do câncer, que pode ocorrer justamente quando as células se reproduzem de forma danificada e descontrolada.
Por isso, é importante ter uma compreensão sobre o que é obesidade, como ela pode ocorrer e o que é possível fazer para conviver com essa condição.
Principais esclarecimentos sobre obesidade
Segundo a Organização Mundial de Saúde (OMS), a obesidade é uma doença crônica. Esqueça mitos sobre essa condição, como achar que basta "comer menos" ou "se mexer mais" para lidar com a obesidade. Como qualquer outra doença, ela precisa de cuidados, não somente em relação à perda ou manutenção do peso, como também ter um olhar para o lado social e psicológico do paciente, sem estigmatizar ou culpabilizar.
Dados da Pesquisa Nacional de Saúde de 2020 indicam que mais da metade dos adultos brasileiros apresentam excesso de peso (mais precisamente, 96 milhões de pessoas ou 60,3% dessa faixa da população). O sobrepeso tem maior incidência entre as mulheres (62,6%) do que nos homens (57,5%). Já a ocorrência de obesidade passa dos 41 milhões de adultos e dos 7 milhões de crianças e adolescentes.
Esses números cresceram especialmente nos últimos anos. Uma das causas é a transição alimentar, pois os brasileiros passaram, cada vez mais, a substituir alimentos frescos e tradicionais, como arroz, feijão, saladas e frutas, por ultraprocessados e refeições industrializadas, compostos por alimentos e bebidas com altos teores de açúcar, sódio, gordura saturada e aditivos químicos.
Alguns países criaram restrições para reduzir e controlar o consumo desse tipo dos ultraprocessados, seja com restrições de publicidades (principalmente ao público infantil), aumento de tributação e aumento de advertências nas embalagens dos produtos.
O desenvolvimento da obesidade pode estar ligado também a diversos fatores sociais e ambientais. Além do consumo excessivo de alimentos ultraprocessados e calóricos, a má qualidade de sono, inatividade física, uso de medicamentos e até o status socioeconômico podem ser determinantes para que uma pessoa adquira excesso de peso. Existem também fatores genéticos e hormonais, que podem necessitar de um acompanhamento especializado mesmo antes da obesidade manifestar sinais.